Tem dias que eu esqueço que eu tenho uma vida. E que minha vida é minha. Que apesar de não ter pedido para nascer e blá blá blá, eu estou aqui e minha presença no planeta é legítima. Eu tenho uma vida, ela é minha, estou viva e posso fazer dela o que eu bem entender. Posso ir ou ficar, trabalhar ou dormir, ter ou perder meu emprego. Posso ser autônoma ou empregada, posso ser vegetariana, budista e torcer pro time que eu bem entender.
Porque sou uma pessoa tenho direitos. Tenho acessos, tenho passos. Pernas que andam e, graças ao bom D'us, um corpo que funciona em perfeito estado.
Posso responder a perguntas, contestar colocações, posso me calar. Tenho uma cabeça que pensa, conhecimento repassado e recolhido.
Eu poderia traduzir a letra inteira daquela música do Musical "Hair" que tanto amo, I got Life e ficar horas discorrendo sobre tudo isso.
Talvez eu devesse. Porque os dias passam, julho acabou e 2009 está em direção ao fim, chamando o final da primeira década do século XXI. E a gente esquece que é DONA, DONO da própria vida. E que se, amanhã, você decidir fazer um curso de aramaico, raspar careca e começar a correr, não é da conta de ninguém. Ninguém. Nem mãe, pai, irmã, marido, mulher, chefe, vizinho.
A gente vai se apequenando, se acanhando e como ovelha, vai obedecendo, obedecendo, até perder o desejo. Um belo dia, como no livro do Leonardo Boff, você, que nasceu águia, percebe que virou uma galinha tonta. Tonta e obediente. Burra, maria-vai com as outras. Sem energia para contestar a gente vira um cavalinho bobo de carrossel, um passarinho de relógio cuco que de hora em hora sai pela portinha por breves segundos e volta para seu ostracismo.
É hora de viver de verdade.
O bem maior é a liberdade.
Um comentário:
é isso mesmo
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